segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Correndo


Eu vi a cidade amanhecer
Eu vi a cidade se perfumar
Eu vi esta nua, tomar banho
por enquanto este dia durar
estou pronta pra começar
eu via a cidade se arrumar
pra rimar mais um dia
eu vi a cidade matar alguém

eu vi a cidade ir comprar o pão
eu vi a cidade pegar o ônibus
pagar o cobrador
sair do ônibus, ir trabalhar
eu via a cidade matar uma das suas células

eu vi a cidade preencher papeis
fazer anotações e cartões de visita
eu vi a cidade matar um dos seus órgãos

Na cidade escura dobra a rua
Silêncio nas janelas dela nua
Fudeu antes da noite
O açoite do pau que se acendeu no escuro
A ponta amarga, a carne crua
O ponto alto e nada muda
Nada se procria
Ela matou a vagina

A morte além da alma fica
Sem nada novo anuncia
Varre ventos cruciais
Jaz na cama, morta estais
Amanha vai ser outro dia
E os status estatais estarão
estarão mais além dos cartazes