Eu vi a cidade amanhecer
Eu vi a cidade se perfumar
Eu vi esta nua, tomar banho
por enquanto este dia durar
estou pronta pra começar
eu via a cidade se arrumar
pra rimar mais um dia
eu vi a cidade matar alguém
eu vi a cidade ir comprar o pão
eu vi a cidade pegar o ônibus
pagar o cobrador
sair do ônibus, ir trabalhar
eu via a cidade matar uma das suas células
eu vi a cidade preencher papeis
fazer anotações e cartões de visita
eu vi a cidade matar um dos seus órgãos
Na cidade escura dobra a rua
Silêncio nas janelas dela nua
Fudeu antes da noite
O açoite do pau que se acendeu no escuro
A ponta amarga, a carne crua
O ponto alto e nada muda
Nada se procria
Ela matou a vagina
A morte além da alma fica
Sem nada novo anuncia
Varre ventos cruciais
Jaz na cama, morta estais
Amanha vai ser outro dia
E os status estatais estarão
estarão mais além dos cartazes
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segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Correndo
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