quarta-feira, 18 de maio de 2011

Vixe-Maria!





As formas
de diversidade da língua
portuguesa
excreta ao canarinho

tende a xadrez
tende a burguês
estes colonizadores lusos

uso tal forma
oral
de expressão
preso
disperso
no umbral

forma do marechal
acertada
confirmada
florífera
moldagem
prova
da academia
portuguesa
de letras
que prende
a toda gente
a falar
sem esbanjar
alegria
simpatia

nos faz mundanamente
fonte de expressão
não urbana
não popular
não consigo falar
como Saramago
amado e desprezado

por que sou da grande
favela brasileira
meiga
leiga
de Manaus
passando pelas bambas
do Rio
ate as pampas
perto do rio Riachuelo

o rei covarde não viu
a nossa parte

por isso é que eu digo
VIXE-MARIA!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Falso!

Eu sou um verdadeiro 
intelectual
leio jornal, a pagina criminal
e recrimino nos meus contos
que já ganharam muitos prêmios
mas quando vejo alguém apanhando
na minha frente viro a cara
como se a pessoa não fosse gente

Eu sim sou um verdadeiro intelectual
leio jornal, e jogo futebol
xingo o juiz
e faço xixi na calçada
e digo que eu sim sou revolucionário
desacato a ordem social 
mas digo que era tudo ideologia
me prendem mas me orgulho
mergulho num labirinto sem fim
dentro de mim
e me afoga o pé da letra

saio da cadeia
entro noutra cadeia social
quero romper as grades
mas a palavra sempre fica na ponte da língua
na verdade não passo de um simples intelectual

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Vinte-quatro Versos para uma só Barata Morta



E a barata morreu vermelha e preta morreu
na teta do sujo
fugiram do habitar(o habitar fugido)
as formigas pretas que andam por aí 
como fantasmas sem alma
sem corpo
e até mesmo sem transparência

a Barata morreu sem nome
a barata que é tudo ou nada
a tal que poderia sobre-viver
a bomba-núclear 
mas morre tão rápido como morre
o dia que a bomba nunca será
uma morte merecida
a bomba só seria uma morte 
mas quem mata mesmo a barata é noite-e-dia

e a barata segue a sua vida
na morte segue a sua vida
a sua vida é agora na vida
nas bocas que rápido morreram
de formigas numa noite
fria de verão
a morte da barata é dar vida
as outras pequenas e nulas vidas
das pretas formigas





(NÃO COLOQUEI NENHUMA IMAGEM, POR CAUASA QUE A IMAGEM DE UMA BARATA ME É MUITO INCOMODA)